Uma investigação da Polícia Federal revelou um dos maiores esquemas de fraude contra aposentados e pensionistas da história recente do país. Entre 2019 e 2024, entidades e associações ligadas a serviços para segurados do INSS descontaram mensalidades de forma indevida dos benefícios, sem autorização e, em muitos casos, com uso de assinaturas falsas. O prejuízo estimado é de R$ 6,3 bilhões desviados.
De acordo com a PF, as vítimas eram cadastradas sem consentimento em clubes e associações que alegavam oferecer vantagens como assessoria jurídica, convênios de saúde e descontos comerciais. Na prática, o que havia era um golpe estruturado, com participação de servidores e dirigentes das entidades investigadas.
A operação da semana passada, que desvendou parte do esquema, resultou na prisão de seis pessoas e no afastamento de funcionários públicos. O impacto político também foi imediato: o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi demitido após o avanço das investigações. Nesta sexta-feira (2), o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), também pediu demissão. Para seu lugar, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nomeou o secretário-executivo da pasta, Wolney Queiroz (PDT).
Ressarcimento
Diante da gravidade do caso, o governo federal está finalizando um plano emergencial para ressarcir os beneficiários afetados. Segundo a Advocacia-Geral da União (AGU), será criado um canal exclusivo para que aposentados e pensionistas possam registrar pedidos de devolução dos valores descontados indevidamente — sem necessidade de intermediários ou representantes legais.
A expectativa é de que o governo antecipe o ressarcimento e busque recuperar os recursos por meio de ações judiciais contra as entidades responsáveis pelas fraudes.
O novo canal será apresentado ao Palácio do Planalto no início desta semana, com o objetivo de agilizar a reparação aos lesados.