Os avanços na última década em ciência, tecnologia e inovação no estado de Alagoas são notórios. Basta observar os números, a integração das ICTs (Instituições de Ciência e Tecnologia), o protagonismo de Alagoas em conselhos nacionais, suas representações institucionais e influência nos debates nacionais sobre o tema.

Esses aspectos não poderiam ser considerados anteriormente, antes de 2015, dada a visão provinciana que o estado historicamente mantinha sobre essas áreas. Aqui e acolá existiam algumas iniciativas, mas sem grande impacto ou repercussão no cenário nacional.

Mas o que mudou nesse período? Como um estado pequeno em dimensão territorial, com um PIB bem inferior ao de outras unidades da Federação e uma estrutura produtiva ainda concentrada, conseguiu tornar-se referência nacional e ocupar espaços estratégicos de poder em ciência, tecnologia e inovação (CT&I)? A resposta está na decisão política.

Até 2014, os avanços em CT&I em Alagoas se deviam a alguns poucos abnegados, que, com o apoio institucional de algumas, mas importantes, entidades locais, conseguiam inserir o tema minimamente na agenda governamental — de forma modesta, mas ainda assim relevante para o estado das coisas.

A partir de 2015, no entanto, a área passou a ser tratada como prioridade, e as agências estaduais de fomento conseguiram lugar de destaque na política pública. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (FAPEAL) e a Secretaria de Estado de CT&I, foram inseridas nas prioridades do governo. Tanto isso é verdade que não há registro de programas estruturados ou com protagonismo na área de CT&I antes desse período.

A relação entre o governo e o sistema de pós-graduação das universidades alagoanas era frágil. Lembro-me de uma conversa com o reitor de uma universidade estadual, que comentava ter se reunido apenas duas vezes com o governador ao longo de todo o seu mandato. Para efeito de comparação, quando Renan Filho anunciou publicamente que deixaria o governo para disputar uma vaga no Senado, o fez em uma solenidade no Salão de Despachos do Palácio República dos Palmares, na presença das quatro universidades públicas do estado, que o homenagearam com moções aprovadas por seus respectivos Conselhos Superiores. Estávamos, naquele momento, praticamente ao final da pandemia de Covid-19.

Ao observarmos essa última década, vemos que várias estratégias e programas foram estruturados e permanecem em vigor até hoje, de forma sistemática, com orçamento e continuidade. Nada disso existia até 2014. No governo Paulo Dantas, o nível de investimentos na área não tem, de longe, comparação histórica. Isso faz toda a diferença.

O Centro de Tecnologia e Inovação do Jaragua é apenas um elemento da estratégia estadual. Ele torna-se a vitrine, o termômetro, do sucesso das ações de subvenção econômica que estimulam a criação e expansão do mercado de startups em Alagoas. Programas como Centelha da Inovação, Tecnova, Oxetech, Lagoon, Circuito Alagoano de Inovação etc. estruturam o desenvolvimento econômico do setor de tecnologia e informação.

Por fim, é importante destacar: a política de CT&I em um estado como Alagoas não avança apenas pelos méritos ou qualidades de um gestor em particular. Isso é devaneio ou exercício de vaidade. Para que ela tenha êxito, é necessário um consenso político sobre sua importância, a união do ecossistema local, a participação ativa das instituições de ensino superior, a valorização da pós-graduação, o interesse em formar jovens com alto nível de qualificação e, sobretudo, a aposta decidida na popularização da cultura científica e da inovação já na educação básica.

Alagoas voa nesse momento, rumo à um grau de maturidade que poucos estados, no Nordeste, já alcançaram.